A Energia é muito provavelmente o
setor de atividade que, de forma isolada, mais afeta a vida da generalidade das
pessoas, independentemente da sua localização geográfica, da sua situação
socioeconómica ou da sua faixa etária.
A correta análise de tendências e
incertezas é fundamental para a otimização do consumo dos recursos disponíveis
(materiais, financeiros e humanos) e deve sempre assentar na avaliação
integrada de três eixos complementares: a segurança de abastecimento, a competitividade
económica e a sustentabilidade ambiental.
Esta avaliação, incidindo sobre
cada fonte de energia primária e suas respetivas cadeias logísticas, permitirá
mitigar os riscos endógenos de cada opção e conduzir à criação de um cabaz
energético equilibrado e adequado ao mercado a que se destina.
O Santo Graal da Energia seria a
solução que, para cada tipologia de consumo, garantisse total segurança de
abastecimento, máxima competitividade económica e não tivesse qualquer impacto
ambiental. Não existindo, há que comparar as várias alternativas e identificar
aquelas que, de forma integrada, permitem criar a solução mais equilibrada para
cada perfil de oferta e procura.
Este processo é dinâmico, na
medida em que as variáveis estão em permanente mutação (fazendo jus ao seu
nome) e obrigam a uma constante revisão de cenários à luz de novos factos ou
suposições. Todos os dias surge informação que, mesmo de forma subtil, provoca
alterações nos pressupostos assumidos e faz oscilar a probabilidade dos vários cenários
existentes. Por vezes, um anarquista assassina um arquiduque e provoca um
conflito à escala mundial. Outras vezes, um sismo com tsunami dá origem a uma situação
catastrófica numa central nuclear.
Ainda a título de exemplo,
lembremo-nos, nos últimos meses, da escalada do conflito na Ucrânia, ponto de
passagem de uma importante parcela do gás natural consumido na Europa ou do
continuado clima de guerra civil na Líbia, cujo crude tinha um peso relevante
no cabaz de consumos das refinarias o Sul da Europa, em especial Itália. Ambos os
eventos têm consequências para o mercado energético europeu e, de forma mais
localizada, para o mercado energético português. Um impacto positivo para um
dado ator de mercado (seja ele uma região, um país, uma empresa ou um indivíduo)
terá à partida o efeito inverso para outras partes envolvidas.
Da mesma forma, porque as várias
fontes primárias de energia tendem a competir entre si em função do fim a que
se destinam, qualquer alteração de enquadramento numa delas impacta automaticamente
na relação de forças entre elas.
Sem comentários:
Enviar um comentário