(imagem: Energy Collective)
Um dos assuntos na mesa de quem debate e reflecte sobre o futuro da energia
no mundo é, sem dúvida, o impacto dos veículos eléctricos. É sabido que o maior
sorvedor de derivados do petróleo é o sector dos transportes (65% dos produtos petrolíferos consumidos em 2014 segundo a AIE) e a ele está
associada a maior fatia de emissões com origem no crude. Com a crescente
consciencialização da opinião pública e do poder político de que é necessário
inverter esta tendência, os veículos eléctricos são encarados como uma tecnologia
desejável para mitigar os impactes ambientais do sector dos transportes
garantindo, ao mesmo tempo, que as necessidades de mobilidade não sejam
sacrificadas. Os últimos 10 anos foram absolutamente fervilhantes no que toca à
evolução da tecnologia de geração renovável bem como dos veículos eléctricos
assistindo-se a uma “corrida” pela liderança tecnológica no sector automóvel.
Como tal, a análise do estado da arte do veículo eléctrico é agora uma
realidade relativamente complexa (com tendência a complexificar-se ainda mais)
e dinâmica. A presente série de artigos pretende resumir os pontos mais
relevantes na matéria do veículo eléctrico com especial enfoque na
competitividade tecnológica, económica e ambiental que são, no meu entender, os
vectores decisivos na evolução do carro eléctrico nas próximas décadas.
Em primeiro lugar há que fazer uma descrição das tecnologias com maior
expressão no mercado começando por uma classificação dos tipos de veículos
terrestres com motor eléctrico:
- Automóveis híbridos: Neste tipo de veículos o motor eléctrico é utilizado sempre haja carga e sempre que a utilização deste seja mais eficiente (por exemplo: arranques). A gestão entre motor de combustão e eléctrico é feita por um computador que acciona automaticamente cada um deles. O carregamento da bateria é feito nas situações de travagem em que o circuito do motor eléctrico é invertido de maneira a que se comporte como um gerador que vai fornecer corrente às baterias.
- Automóveis plug-in híbridos: o carregamento da bateria tanto pode ser feito aproveitando a travagem como através de ligação à rede eléctrica. Este tipo de veículo está vocacionado para funcionar no modo eléctrico na maior parte do tempo sendo o motor de combustão usado como backup caso a autonomia da bateria se esgote;
- Automóveis plug-in: Estes são os veículos eléctricos puros que dependem totalmente das baterias para se moverem. São por isso menos poluentes durante a condução mas com uma autonomia mais reduzida que um veículo equivalente com motor de combustão – entre 50 a 160 km na maioria dos modelos disponíveis embora alguns modelos e protótipos já tinjam valores próximos de 500km;
O aspecto mais crítico na utilização dos veículos eléctrico no dia-a-dia
será o reabastecimento dos mesmos. O acesso a infraesrtuturas de carregamento
das baterias é fundamental para a massificação da utilização de VE. Neste
momento podemos classificar as tecnologias de carregamento de veículos como:
- Carregadores residenciais: a infraestrutura de carregamento está desenhada para ser ligada às redes que abastecem as residências. O carregamento é feito durante as horas em que o carro se encontra estacionado em casa, predominantemente à noite;
- Carregadores públicos: infraesrtuturas situadas em locais públicos dedicadas a estacionamento de viaturas aos quais qualquer veículo se poderá ligar. Em alguns locais não há custo associado enquanto noutros é cobrada uma tarifa;
- Estações de carregamento rápido: infraestruturas semelhantes a estação de serviço onde as baterias são carregadas através de tecnologias de alta tensão que permitem um carregamento mais rápido comparativamente às estações a baixa tensão;
- Estações de troca de baterias: Nestas infraestruturas é efectuada a troca das baterias procurando obter a carga completa dos veículos da forma mais rápida possível.
O artigo seguinte debruçar-se-á sobre a competitividade tecnológica dos automóveis
eléctricos face aos automóveis convencionais.
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