Um tema quente no debate sobre o
paradigma que dominará este
século é o da produção descentralizada de
electricidade (Distributed Generation). Não existe uma definição
consensual do que é produção descentralizada mas poder-se-á dizer que se trata de um tipo de
produção em que cada
gerador terá uma escala
relativamente pequena, ligada à rede
de distribuição existente
e que visa suprir as necessidades de consumo do(s) seu(s) proprietário(s) e/ou a sua comercialização (no total ou em parte).
Actualmente as tecnologias existentes assentam em pequenos motores de combustão (gás ou outros combustíveis)
ou fontes renováveis
(solar, eólicas ou
hídricas). Numa fase de
maturidade, o grosso da produção
eléctrica seria realizado por
produtores anónimos e
atomizados e os grandes geradores e operadores de sistemas teriam apenas o
papel de regulação da
carga e correcção das
divergências entre procura
e oferta.
As vantagens e selling points
deste paradigma seriam:
-
Maior concorrência no sector da geração e em especial entre tecnologias de produção eléctrica;
- Melhor aproveitamento de recursos endógenos, uma vez que a microgeração de tipo renovável tende a envolver menores
recursos e menor complexidade logística;
-
Diminuição
de emissões poluentes;
- Diminuição
das perdas nas redes uma vez que este paradigma aproxima a produção dos pontos de consumo,
evitando enormemente as perdas nas redes de transporte e distribuição que se podem situar em torno
dos 10% - 20%;
- Redução da necessidade de investimento em grandes linhas de transporte de electricidade;
- Aumento da procura de micro-geradores poderá
criar economias de escala que
tornem o MW instalado mais barato do que as actuais instalações (desenhadas e fabricadas à medida para cada caso e não em série).
-
Uma menor sobrecarga das redes levaria a
melhores índices de
continuidade de serviço
Nesta nova realidade os agentes deixam de estar divididos entre
produtores, operadores e clientes passando a haver consumidores/produtores
(prosumers). Esta alteração
altera toda a lógica
do sistema de alto a baixo... literalmente. Actualmente os fluxos de
electricidade são
praticamente unidirecionais e os operadores vêm apenas geradores de carga e produtores de energia. Com a distribuição descentralizada, a todo o momento um
consumidor pode passar a ser um produtor e a gestão da rede terá de se
acomodar à nova
realidade. Actualmente os operadores de rede já se deparam com versões embrionárias
destes consumidores/produtores mas mas ainda numa escala relativamente pequena. É o caso
dos cogeradores, alguma microgeração (ainda incipiente) e os grupos reversíveis (ainda que actualmente funcionem numa lógica centralizada). Aos poucos os gestores e
planeadores do sistema eléctrico vão começando a antecipar uma hipótese do que será o futuro.
(continua)